Segundo a consultoria IDC, uso de novos sistemas reduziria liberação de CO2 em 30% até 2020.
O Brasil é hoje o quinto maior emissor mundial de gases de efeito estufa, mas é o terceiro com mais capacidade para reduzir as emissões se adotar amplamente tecnologias da informação e de comunicações (TIC) atuais.
Um estudo realizado pela consultoria International Data Corporation (IDC) indica que, até 2020, o país pode emitir 30% menos gás carbônico, metano e óxido nitroso, que contribuem para o aquecimento global, mantendo o crescimento econômico esperado para a próxima década.
O ranking elaborado a partir do ICT Sustainability Index (Índice de Sustentabilidade TIC) mediu o potencial dos países do G-20. Juntos, eles respondem por 75% das emissões de gases causadores do efeito estufa. A pontuação foi feita segundo características demográficas e econômicas, grau de industrialização e nível de adoção de tecnologias da informação e de comunicações. Quanto menor a pontuação, menor o grau de dificuldade para reduzir as emissões.
Pelo levantamento, o Brasil, que alcançou 21 pontos no ranking, é o terceiro com melhor potencial, perdendo para Japão (que teve 16 pontos) e Estados Unidos (20 pontos). O país apresenta pontuação semelhante à do Reino Unido, da França e da Alemanha. "Embora o Brasil tenha um nível de industrialização menor que o de países ricos, ele já possui uma estrutura de tecnologia avançada", afirma o diretor da consultoria e responsável pelo estudo no Brasil, Roberto Gutierrez. Por essa razão, diz, o país fica à frente de outros emergentes como China e Índia.
Outro fator que coloca o país em uma posição mais favorável é sua matriz energética, que tem como principais fontes a produção de energia a partir das hidrelétricas e o uso do etanol como combustível 'limpo' - a China, por exemplo, tem como principal fonte de energia o carvão, altamente poluidor.
Para a maioria dos países, observa Gutierrez, a redução das emissões de CO2 passará pela adoção de tecnologias para a área de energia. Mas no Brasil e na França (que tem a matriz baseada na energia nuclear), a área que mais demandará esforços é a de transportes. "O país pode reduzir as emissões otimizando a logística de transporte, com sistemas de mapeamento e georreferenciado e programas para otimização da rota. São tecnologias já disponíveis e que só dependem de investimento privado."
Outras tecnologias que podem ser adotadas amplamente, segundo o consultor, são medidores eletrônicos para gás e energia elétrica (que poupa o trânsito de pessoas para a leitura das contas residenciais), aplicativos para controle de energia em prédios, a substituição das viagens de empresários por videoconferências, a troca de servidores antigos por outros mais novos ou por máquinas virtuais, que consomem menos energia.
De acordo com a IDC, o uso de medidores inteligentes nos 20 países proporcionaria a redução da emissão de 121 milhões de toneladas de CO2 por ano; a otimização de rotas reduziria as emissões em 566 milhões de toneladas; as videoconferências evitariam a liberação de outras 70 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.
A IDC não divulga as projeções por país mas informa no estudo que o G-20 pode reduzir as emissões de carbono em 25% até 2020, o que corresponde a 7,2 giga toneladas. O estudo considera o CO2 liberado na atmosfera pelos setores industrial, de construção, energia e transporte, que juntos representam 66,3% do total de emissões no mundo - as atividades agrícola, silvícola e de saneamento não foram incluídas no estudo.
A base para a elaboração do indicador foi o levantamento mais recente de emissões, feito pelo Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, vinculado à Organização Mundial de Saúde). Em 2006, as emissões no mundo eram de 49 gigatoneladas. Desse total, 36,8 gigatoneladas eram produzidas pelo G-20, sendo que 24,4 gigatoneladas referem-se às áreas avaliadas no índice de sustentabilidade do IDC.
(Cibele Rebouças)
(Valor Econômico, 12/4)
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