O governo britânico está desenvolvendo tecnologia secreta, com interesse de controle sobre todas as mensagens eletrônicas enviadas pela internet. A informação foi dada pelo jornal "The Sunday Times" no domingo (3/5/09).
O Centro de Comunicações do governo deverá interceptar e supervisionar todos os e-mails, os acessos à internet e a atividade nas redes sociais, além de qualquer tipo de ligações telefônicas.
Para isso, recorrerá a uma série de "caixas-pretas", que serão inseridas secretamente na infraestrutura de comunicações, afirma o jornal. O programa foi lançado há um ano. Sua existência, no entanto, foi descoberta graças a uma oferta de emprego publicada pelo Centro de Comunicações.
Na semana passada, a ministra do Interior britânica, Jacqui Smith, anunciou que o governo tinha decidido renunciar a seu tão ambicioso quanto polêmico plano de criar uma base de dados única, na qual seriam guardadas todas as comunicações feitas no país. A ministra não mencionou, no entanto, que o governo tinha decidido destinar mais de 1 milhão de euros em três anos a esse programa de espionagem dos cidadãos, aponta o jornal britânico. Segundo a diretora da organização de defesa dos direitos humanos Liberty, Shami Chakrabarti --ela mesma uma vítima recente da espionagem do governo--, o anúncio da ministra é só "uma cortina de fumaça".
"Fomos contra a base de dados 'Big Brother', porque permitia ao Estado ter acesso diretamente às comunicações de todos os cidadãos. Mas, com esta rede de caixas-pretas, pretende-se conseguir o mesmo, mas pela porta traseira", disse a advogada. Segundo fontes citadas pelo "The Sunday Times", o governo já concedeu um contrato no valor de 200 milhões de libras (224 milhões de euros) ao gigante americano do setor da defesa Lockheed Martin. Também foi assinado um segundo contrato com a Detica, empresa britânica de tecnologia da informação, que mantém estreitos vínculos com a espionagem britânica.
Espionagem e supercomputadores
Uma enorme sala com supercomputadores permitirá aos espiões do governo supervisionar e gravar os dados que passarem pelas caixas-pretas instaladas nas conexões dos serviços de internet e nas companhias telefônicas. Por enquanto, os espiões que trabalham nessa central só podem interceptar as comunicações em casos concretos e com autorização expressa do titular do Interior ou de um secretário de Estado, mas, com os novos planos do governo, todos os cidadãos do país poderão ser espionados o tempo todo, afirma o jornal.
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